domingo, 3 de janeiro de 2010

“É preciso passar o país a limpo”?

Fomos “surpreendidos” no último dia 31 pelo preconceito público apresentado pelo jornalista Boris Casoy em relação aos garis ou, como ele coloca em sua fala, “lixeiros”.
Situações como essas remetem às falhas em vários setores fundamentais no país. Primeiro pergunta-se como uma pessoa que não respeita ao próximo (próximo esse inclusive que mantém o seu emprego com a audiência) pode ser um jornalista? Digo isso várias vezes ofendida, como futura jornalista, como telespectadora, como cidadã e como humana que acredita que a dignidade faz o homem.
Casoy foi vítima (ou ator) de uma tentativa ousada de marketing, isso é claro e patético mas prova o quanto é real essa guerra travada entre a informação séria e o sensacionalismo. Mais claros ainda só os fatores que levam comentários como esses à nossa televisão – uma educação falha e uma cultura plastificada que só aparece no fim do ano, que é a única época em 365 dias em que é possível um gari aparecer de maneira positiva na mídia (certo, também temos os comerciais da Marquise em Imperatriz).
Que possamos começar em 2010 como já deveríamos ter começado há muito – refletindo quais são os nossos valores e qual a sua validade dentro dessa sociedade muda e congelada. Que daqui pr’a frente e não só hoje nós possamos sim, dentro da mídia boicotada e mentirosa, dos bancos das praças abandonadas com grama até as canelas, dos auditórios cheios de cadeira quebradas e vazios de pessoas, dos parques cheios de lixo por falta de garis, das filas eternas dos bancos públicos, do trânsito maldito e desrespeitoso falar o que realmente for produtivo e fazer a diferença,RESPEITANDO e gritando “do alto de nossas vassouras” que exigimos EDUCAÇÃO, CULTURA, OPÇÕES DE VIDA, por um país mais limpo!

*PS-A frase usada como título é frequentemente usada em seus textos no Jornal da Band.