sexta-feira, 18 de junho de 2010

Invadida

Tenho andando um tanto atribulada nos últimos dias, diria até desesperada.
Acontece de vez em quando de você ter que resolver o mundo e acaba não resolvendo nada. É o estágio que te entedia quando pode estar fazendo mil coisas mas está enchendo lingüiça em frente ao computador. São as disciplinas te cobrando a filmagem de um curta, a assessoria de comunicação da entidade filantrópica, a mega-matéria para o site do curso. É o outro estágio tão solto e sem assistência que não te dá a mínima estrutura. São os relacionamentos desgastados...
Encontrei-me esses dias solta, distante, enlouquecida. Senti saudade de amizades com quem fico horas a fio conversando sobre a vida, sobre como temos passado e sobre como ainda passamos juntos. Criei certo asco das pessoas me cumprimentando sempre com outro interesse, sem perguntar ao menos como vou, sem ao menos dizer bom dia – Como está o trabalho, fez a sua parte? Não, não fiz!
Enfadonho e irônico pessoas que nunca têm atitude de nada reclamando do trabalho “mal feito” de quem se desdobra pra fazer o que era tarefa do reclamão preguiçoso e acomodado. Não me vejo santa, nem calma. É do meu próprio espírito essa inquietude que não me deixa parar. Sei bem dizer não, mas evito, apesar dos tantos nãos que recebo diariamente. E de certa forma me orgulho. Mesmo abrindo espaço para estes tantos que não sabem pedir licença, que não pensam que há outras coisas a serem feitas, outros problemas a serem resolvidos.
Dou-me sim, finjo que tenho tempo, que posso e resolvo. Não mando mensagens dizendo o que tem que ser feito, faço. Tenho meu mau humor, minha arrogância, minha ironia, meu sarcasmo. Tenho meus mil defeitos e não me orgulho de nenhum, nem do orgulho por si. Mas como queria que se lembrassem que sou humana tanto quanto e que, se me vêem tão transparente e disposta, é porque a porta é de vidro mas nem por isso deve-se deixar de bater.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

*

Ao longo da vida já foram muitas as perdas,
alguma irremediáveis, dolorosas, inesquecíveis.
Outras superáveis ou suportáveis, talvez.

Mas sei que só se perde o que se tem
e se tive, que feliz fui
Guardo ainda na lembrança o elo
menos tangível, nem por isso menos verdadeiro

Os amigos que se desprenderam,todos foram sem adeus
Soltando-se devagarinho, sem despedida ou tristeza
Quando vi já não estavam mais, já não eram...

Ficaram só os improváveis, os de última hora
Raros persistiram e para os raros digo adeus todo dia
Para que não cometamos o mesmo pecado de ir sem abraçar,
para estes digo adeus na esperança de que fiquem


*Pena que não pude me despedir do abraço amigo de quem me ensinou a simplicidade de deixar livre, de aceitar que a partida é inevitável e bela.