quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pirataria: De crime a fonte de renda


A venda de cds e dvds no mercado ilegal imperatrizense



Faca na caveira?




O comércio ambulante é responsável pela renda familiar de muitos imperatrizenses. Dentro deste cenário, é forte a venda de CDs e DVDs. Uma questão delicada que envolve pirataria, desrespeito a direitos autorais e sonegação de impostos. Por muitas vezes, as pessoas que trabalham no ramo têm baixa renda e escolaridade, o que é usado para justificar a falta de alternativas no mercado de trabalho. O preço dos produtos originais é outro fator importante e grande aliado dos consumidores de material pirata. É necessário levar em conta que o Maranhão, segundo o IBGE, está na segunda colocação do índice de pobreza da Federação.

Manga Rosa vende cds e filmes há quatro anos, trabalhando de oito a dez horas por dia e com uma média de 800,00 reais de lucro mensal. É uma figura simpática que fica pelos arredores da Praça Brasil repassando o que compra por R$ 1,50 pelo valor de R$ 3,00. Sem conhecer a Lei de Direitos Autorais - LDA, o ambulante revida quando questionado quanto à pirataria ser uma prática criminosa: “Alguns artistas agradecem por divulgar o trabalho deles. A maioria dos que reclamam, a gente quase não copia”. Mesmo com a persistência, a polícia é firme na punição. Manga Rosa já teve o prejuízo de até R$ 5.000 de material apreendido.

Copiar e passar esse material, apesar de ser fonte de renda e até de sobrevivência de muitas famílias, incomoda outras de forma significativa, muitas vezes financeiramente. É o que coloca a gerente do único cinema de Imperatriz, Fernanda Milhomem: “Isso é muito negativo. Antes dos filmes chegarem ao Brasil, os pirateiros já estão circulando”. Ao contrário da barraca informal do vendedor de cds, o Cine Blue não tem uma média de renda fixa, ficando esta presa ao filme que irá reproduzir, que nem sempre interessa a um grande público.

A preocupação com o repasse de produtos fonográficos e audiovisuais é grande e tem gerado vários embates a nível nacional, principalmente com a expansão da internet. Foi criado no começo de 2009 o Movimento Música Para Baixar - MPB. Com o apoio de músicos, jornalistas e civis, o MPB defende a liberdade para downloads não só de música, mas da mídia em geral. O grupo propõe, entre outras coisas, o debate da LDA. Apesar de utilizar a internet, a estudante Carla Kassis considera importante comprar o DVD original: “Além de valorizar o trabalho do artista, o original tem mais qualidade de imagem e arte gráfica. Dá para acompanhar as letras, ficha técnica, saber quantas pessoas construíram aquele trabalho”.

A lei é certa, assim como a necessidade urgente de uma reforma para a viabilização de preços acessíveis e da criação de projetos que facilitem empregos "adequados" para a parcela da população que vive das vendas não só de cds e dvds, mas de óculos, camisas, relógios e vários outros produtos piratas. “Nessa época de política, os candidatos abraçam todo mundo e quando ganham, querem expulsar os camelôs da rua!” – Manga Rosa conclui, inteligentemente.


Para refletir sobre o assunto vale à pena assistir o documentário Brega S/A, que aborda a pirataria no Pará, entre outros temas:


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Amor líquido

Este leva e traz do mar,
Ardendo minha pele em sol,
Já inspirou tanto amar...
Assistidos por cada grão de areia
Destes que se enrolam e se confundem
aos cachos de meus cabelos
Pra se perderem nos travesseiros
ou no calor do suado lençol.

É o mar meu coração?
Corre salgado o sangue em minhas veias e artérias;
Tempero com minhas carícias o corpo dos banhistas;
Alimento com meus frutos pescadores e famílias inteiras;
Douro as peles morenas das moças que envolvo com meus abraços;
Sou verde-mar, como os olhos do amado
ou azul, como o céu que nas linhas do infinito beijo
(são só nuvens passageiras)
Traçoeiros, meus sentimentos guardam profundos segredos;
Estou sujeita à ordem natural das coisas.

Será o mar meu coração?
Frio. Um iceberg de duras paredes quase impenetrável.
Quente. Queima tal qual água-viva com os mais ousados amores.
Meu corpo, hora é barco - completo e ativo de dia;
Vazio e solitário à noite.]
Hora é o porto - segurança e constância de quem consegue voltar.

Quem nunca conheceu, teme.
Quem entra, quer ficar.
Será coração? Meu, o Mar?