quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Quando o lixo dá lucro!

Escrevo esta matéria com as palavras dos outros. Primeiro pela responsabilidade e pelo compromisso com a veracidade que preciso ter enquanto jornalista. Depois porque, como já diz o povo e reafirma a Constituição, “todo mundo é inocente até que se prove o contrário”.
A inquietação vem de uma Audiência Pública que aconteceu na manhã desta quinta-feira (19) com a ECOSERVICE, empresa que incinera resíduos hospitalares e industriais prestando serviço, inclusive, para a prefeitura de Imperatriz e para empreendimentos de grande porte como a Suzano.
De acordo com denúncias feitas a vários órgãos e à imprensa, a firma está causando prejuízos à saúde das pessoas, à vegetação, água e solo do bairro Lagoa Verde, mais especificadamente na região conhecida como “Mãozinha”.
A proposta dos vereadores, na ocasião, era pressionar a Secretaria Municipal de Saúde para que esta providencie, com urgência, um Laudo Atmosférico que comprove ou não os danos apontados, e que se diferencie do documento já apresentado pela empresa.

ECOSERVICE

Que a fumaça e as cinzas resultantes da incineração geram problemas respiratórios, dermatológicos e outros, tem-se conhecimento. Não se pode ignorar, no entanto, que o tratamento que tinha o lixo hospitalar de Imperatriz antes era extremamente equivocado, já que este era tido como entulho comum e jogado no Lixão Municipal, expondo diversas famílias aos riscos. (Veja o vídeo aqui)
Na Tribuna, o responsável técnico, Cristy Handson, apresentou todo o ciclo sofrido pelos resíduos, alegando que “nem tudo que entra na ECOSERVICE é incinerado. O que é perigoso é encaminhado para outros locais”. Handson informou, ainda, que há um Sistema de Monitoramento Contínuo da Qualidade dos Gases e que todas as licenças estão em dia.

Enfrentamento

Representando a Frente de Oposição Verde à Incineração, Idalécio Gigante citou exemplos de instituições que trabalham no ramo e foram fechadas em todo o Brasil. Ele alegou que a vegetação do local já não cresce ou gera frutos, que a população está adquirindo várias doenças como dor de cabeça crônica, vômito e tontura e que animais são encontrados mortos cotidianamente.
O ambientalista fez graves acusações aos donos da firma e ao Poder Público. Segundo ele, se algo lhe acontecer, essa deve ser responsabilizada e, antes mesmo do processo de licitação ser aberto, a firma já havia encaminhado os documentos.

“Tacam fogo em lixo. Lá nós não temos chaminé, temos uma descarga!”

O povo

Uma moradora da Lagoa Verde (que chamarei de N.I. Porque não quis se identificar) apontou o posicionamento de Gigante como suspeito. Ela afirma que o membro do Greenpeace tentou convencer toda a comunidade de que o que lhes acontecia em relação à saúde era de responsabilidade da ECOSERVICE e de que deveriam pedir indenização.
N.I. disse acreditar que uma doença do filho era resultante da fumaça e se viu obrigada a fazer um empréstimo e viajar para Teresina. O médico que atendeu a criança identificou uma enfermidade sem qualquer relação com os resíduos e, ao divulgar isso, ela foi abordada para negar o resultado dos exames.
Outra fala, do diretor executivo do empreendimento, Antonio Dantas, aponta uma senhora que tinha operado recentemente a coluna e negou o pedido de Gigante para ir à mídia falar sobre qualquer ligação do procedimento com a ECOSERVICE, tendo suas mangueiras (árvores) cortadas e parte de sua terra queimada.

Terra suja?

O que não foi divulgado em nenhum momento durante a sessão é que a área em que foi construída a ECOSERVICE pertencia justamente a Idalécio Gigante. Segundo Dantas, as terras foram vendidas por 20 mil reais e o ex-proprietário queria repassar outra de igual tamanho por 100 mil reais e não foi atendido. Acresceu ainda a informação de que Gigante teve negado seu pedido de participação nos lucros da empresa.

A Justiça


Para o Promotor de Meio Ambiente de Imperatriz, Jadilson Cirqueira, entrar com uma Ação Civil Pública sem provas, perícias ou dados técnicos seria irresponsável, mas as atitudes já estão sendo tomadas e a Audiência foi desnecessária - “Já temos toda a documentação e só não apresentamos ainda porque falta o laudo final”.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Projeto de Lei da Prefeitura que altera o Fundo Municipal de Incentivo à Cultura

Diferente do que foi votado na Conferência Municipal de Cultura, onde logicamente tinha membros da Fundação Cultural de Imperatriz, a porcentagem do ISS destinado ao Fundo Municipal de Cultura é de apenas 2%. Na Conferência, foi aprovada a proposta de 50% (contraste pouco). Sei que o espaço não tem caráter deliberativo, mas é muita discrepância! O Projeto será avaliado pela Câmara Municipal, que pelo histórico até entristece (já mostrou a que veio no projeto de reajuste dos servidores municipais). Bora pro debate? Tem muitas outras questões para serem avaliadas com bastante cautela. Segue o Projeto, assim como foi encaminhado:


PROJETO DE LEI ORDINÁRIA Nº 002 DE 03 DE JUNHO DE 2013


Dá nova redação a Lei 785/95, que Cria o

Fundo Municipal de Incentivo à Cultura,

Cria incentivos e dá outras providências.


Art. 1.º - Fica criado o Fundo Municipal de incentivo à Cultura com recursos oriundo do produto da arrecadação do Imposto de Transmissão de Bens Inter Vivos – ITBI do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, arrecadados na cobrança dos eventos culturais realizados na cidade de Imperatriz.
Parágrafo primeiro – Para fins de repasse ao Fundo Municipal de Cultura serão adotado os seguintes percentuais:
a) 2% (dois por cento) sobre o ISSQN arrecadado de eventos culturais;
b) 1% (um por cento) sobre o ITBI.
            Parágrafo segundo – Para fins de cálculo do repasse, as alíquotas definidas neste artigo, serão aplicadas sobre o valor dos tributos arrecadados, já descontados as retenções compulsórias, ou seja, a parcela da Educação e da Saúde.
            Art. 2.º - O Fundo Municipal de Incentivo à Cultura será destinado ao financiamento de Projetos de Entidades0, Produtores e/ou Agentes Culturais, devidamente reconhecidos como tais, com atividades efetivas nos segmentos co-relacionadas à produção cultural local, obedecendo aos dispositivos legais para sua realização, pleiteando assim auxilio à produção.
            Parágrafo único – O repasse dos valores para o Fundo Municipal de Cultura se fará de forma automática no ato do recolhimento do ITBI e do ISSQN, arrecadados na cobrança dos eventos culturais realizados na cidade de Imperatriz, na rede bancária, que procederá a transferência devida em conta especial da Fundação Cultural de Imperatriz, mantida para esse fim, cujos valores serão expressos no Documento de Arrecadação Municipal no ato da emissão.
            Art. 3.º - A Fundação Cultural de Imperatriz deverá lançar edital estabelecendo as condições para que os interessados possam se habilitar aos incentivos de que trata esta lei.
            Art. 4.º - A Fundação Cultural de Imperatriz prestará contas dos recursos aplicados pelo Fundo Municipal de Cultura à Prefeitura no fim de cada exercício financeiro.
Parágrafo Único – A cada final de exercício financeiro, os recursos repassados ao Fundo Municipal de Cultura, não utilizados, serão transferidos para utilização pelo Fundo Municipal de Cultura, no exercício financeiro subsequente.
            Art. 5.º - Empresa de qualquer atividade, ou Profissional Liberal, contribuinte do Fisco Municipal em qualquer dos seus tributos, e que, participar do financiamento de projetos culturais no âmbito municipal, com aprovação prévia da Fundação Cultural de Imperatriz, poderá deduzir até 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto devido.
            Art. 6.º - A Fundação Cultural de Imperatriz deverá lançar edital estabelecendo as condições para que os interessados possam se habilitar aos incentivos de que trata o art. 5.º desta lei.
Parágrafo único – No caso do incentivo de que trata o art. 5.º desta lei, antes da concessão, obrigatoriamente, deverá ser ouvida a Secretaria Municipal de Fazenda e Gestão Orçamentária, que concordará ou não com a concessão do benefício.
            Art. 7.º - Os recursos de que trata esta Lei serão administrados pela FUNDAÇÃO CULTURAL DE IMPERATRIZ, com poderes de gestão e movimentação financeira.
            Art. 8.º - O Poder Executivo Municipal regulamentará esta Lei através de Decreto, que será editado no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
            Art. 9.º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especificamente as Leis 785/1997 e 1.382/2010.
GABINETE DO PREFEITO MUNICIPAL DE IMPERATRIZ, ESTADO DO MARANHÃO, ASOS 05 DIAS DO MÊS DE ABRIL DO ANO DE 2013, 192º DA INDEPENDÊNCIA E 125º DA REPÚBLICA.
SEBASTIÃO TORRES MADEIRA
PREFEITO DE IMPERATRIZ
 
 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Bares abertos 24h em Imperatriz?

       
    Há um Projeto de Lei “intrigante” correndo na Câmara Municipal. Ele “dispõe sobre o horário de funcionamento dos bares, similares e lojas de conveniência e dá outras providências”. A proposta é liberar, por 24 horas, os bares da Beira Rio (já não são?) e outros que estão em lugares que não “pertubem o sossego público”.
            A responsabilidade do alvará ficaria a cargo de uma comissão, composta pelas secretarias de Planejamento, Obras, Meio Ambiente, Saúde e pela Procuradoria Jurídica. Se aprovada a proposta, cai a Lei nº 1110 de 2004, que proíbe entre duas e 6 horas “o funcionamento de bares e similares”.
            Hoje foi feita uma indicação para que o caso seja discutido em Audiência Pública, e que se inclua aí as igrejas e outros estabelecimentos que incomodam com a barulheira. O debate parece já estar incomodando alguns edis e mesmo a comunidade.
            De nada adianta ampliar o horário de funcionamento e melhorar a renda dos proprietários de bares se não há também um aumento do contingente policial e da segurança. Com as pessoas na rua e a maior ingestão de bebidas alcoólicas, é evidente que o número de ocorrências, prisões e crimes vai aumentar.

            Tenho de colocar o bem estar social à frente da minha boêmia. Seria maravilhoso (para mim), poder freqüentar determinados espaços quando bem entendesse, mas acredito que isso vá evidenciar o índice de violência de forma assustadora. Seja Lei dos Bares ou do Silêncio, a situação parece caminhar para outro lado e envolver muita gente, até mesmo os donos dos carros que passam dia e noite ensurdecendo a população imperatrizense.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Todo mundo pra natação!

No primeiro dia de março, haverá abertura dos Jogos Escolares Imperatrizenses no Estádio Frei Epifâio D’Abadia. E o que se verifica é o abandono de espaços criados para o fortalecimento das práticas esportivas. Como exemplo, temos as praças Mané Garricha e União, a Avenida Beira Rio, e ginásios como o do Parque das Palmeiras e o Fiqueninho.

De acordo com as denúncias feitas, a prefeitura já deixou de cumprir com patrocínios prometidos, o que resultou no cancelamento de jogos. O vereador Rildo Amaral assegurou que o Fiqueninho só serve para partidas de vôlei e o município, que não tem capacidade para construir uma quadra esportiva ou mesmo arrumar o placar do ginásio municipal, vai manter uma piscina que exige, no mínimo, R$15 mil por mês para manutenção.

O que se encontra mesmo são estruturas acabadas, banheiros imundos servindo como refúgios para moradores de rua (afinal, a cidade não oferece abrigo) e barras de apoio enferrujadas. Imagino como funcionarão essas academias públicas como a que está sendo construída na Beira Rio. A iniciativa é importante, mas é preciso se situar ao local que, inclusive, já foi bem mais bem cuidado e frequentado.

Este ano, o número de inscritos nos JEI’S corresponde a menos da metade de 2005. O próprio líder de governo alegou que as coisas não estão acontecendo do jeito certo.  Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer que não fechou com nenhum dos programas do Ministério do Esporte. Investir em certas coisas é luxo!

terça-feira, 28 de maio de 2013

O menino e a mão

7 horas. É quando o despertador deveria avisar que sobrevivi a mais uma noite. Mas às 6h45 ela grita. Histérica e, impreterivelmente, de segunda à sexta, ela esfola a garganta e acorda a mim, ao prédio, ao quarteirão, ao mundo. Não entende, aos 35 anos, o motivo de um adolescente demorar no banheiro. Esgoela pra que ele saia logo.


E esse tempo de sono me vale o dia inteiro. A dor de cabeça e a impaciência durarão muito mais que 15 minutos. Qualquer dia desses, ou enlouqueço, ou levanto ensandecida para explicar para ela e para quem mais não souber, mesmo com essa idade, a porra que ele faz dentro do banheiro.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Imperatriz volta a ter Feira de Artes criada na década de 80

Acontece, de 29 de junho a seis de julho, a XXIV Feira de Artes de Imperatriz.  Com patrocínio do Programa de Cultura do Banco do Nordeste, edição 2012, o evento propõe resgatar a importância regional que alcançou nos 24 anos contínuos em que aconteceu, até ser interrompido em 2005. 
 
A Feira, que foi encerrada por falta de apoio de instituições governamentais e não governamentais contará com exposição de uma média 40 artesãos, feita em parceria com a ASSARI (Associação dos
Artesãos de Imperatriz). Além da mostra permanente de fotografias de Vanusa Babaçu e recreação da Companhia Cata e Conta, às 18h, para as crianças.
 
Grupos culturais como Kizomba, Boi Valente e Batalhão Real se apresentarão, assim como duas atrações musicais por noite, alternando entre bandas e voz e violão. Entre os confirmados estão Melquíades Dissonante, Senzala, Lena García, Neném Bragança, Chico Brown, Washinton Brasil e Xote Xique. A iniciativa é das produtoras culturais Didi Praes e Nice Rejane.
 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Fotografia

São 21. Três mulheres. Uma negra. A conjuntura responde à exclusão das mulheres dos espaços políticos, onde são colocadas apenas para cumprir uma reserva obrigatória de 30% das vagas para as eleições.

São dois pastores e há uma bíblia na mesa que, comumente, é lida no início das sessões, onde a laicidade do Estado é desrespeitada. Dia desses, encontrei um embriagado no boteco com a camisa desabo...toada. Que assim seja!

Cinco professores. Três votaram contra a própria classe, confundiram as profissões. Dois jornalistas. Trabalham ambos com um formato de programa que finge dar voz à população e só reforça a marginalização e preconceito com as minorias.

21 cadeiras brancas onde sentam 247.505 cidadãos imperatrizenses. Nos corredores da Casa, quem deveria pedir direitos pede dinheiro. De terça à quinta, paredes com ouvidos de cão. Nos outros dias, reúnem-se na sala de imprensa para assistir a qualquer coisa que não seja o jornal.

Incontáveis propostas, arquivadas logo depois de lidas. Quase tudo que é falado, logo cala. Fica guardado em vídeos sem vida. Passam mais tempo ofendendo inimigos e bajulando aliados que debatendo os problemas que a gente tem e o problema de nos faltar muita coisa. De que adianta tanto discurso e baixaria, tanto teatro, se tem tanto espaço vago na galeria?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O cego

Quando teus olhos sumirem
será dentro dos meus.
Vão se perder devagar
e lutar com vigor até o fim.
Porque tudo foge aos olhos
e já não há um motivo
para que voltemos a nos ver.
Eles, aprisionados, se espremerão, zarolhos
para que voltem a ser notados.
Mas as lágrimas cessaram
e tuas pupilas, estáticas,
quase deixam o sal passar desapercebido.
Quando a escuridão for real,
eles nem precisarão se desviar.
Cicatrizes vendadas,
não há sequer um grau de miopia.
Seguiremos sem bengalas, óculos,
sem tropeços...
E quando olharmos para trás,
as mãos que brincam a nos cobrir a visão
pertencem a outros.
Um dia, talvez, pedirei perdão,
por te cegar.
SEnti saudade dos dias castanhos.