domingo, 31 de agosto de 2008

Sim, ainda sonho com o príncipe encantado (sem o cavalo branco),
ainda sonho com todas as pessoas dormindo em uma cama quentinha e sem fome,
imagino todos os dias como seria maravilhoso uma política correta, a cura da AIDS,
o controle populacional, o respeito às diferenças...
Sonho, sonho e sonho...
Acordo de segunda a segunda com a esperança de ter um bom dia, uma boa semana e de ver
as pessoas que amo felizes...mas luto por isso?
Penso em abraços macios de pessoas queridas, lembro das tardes de conversa com minha mãe,
vejo meus irmãos crescendo saudáveis e sinto tanto conforto com isso...
Mas ouço também as palavras grosseiras, choro a eterna despedida e me indigno com um futuro
incerto no qual não posso assegurar nada, definir nada...
Aspiro, acima de tudo, que nunca me faltem motivos para sonhar...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Carta a ninguém


Eu pensava em escrever uma carta a alguém, qualquer velho amigo que pudesse chorar com minhas confissões. Mas que surpresa (ou tristeza) tive quando não achei a quem escrever...
Queria falar como andam as coisas, que nem tudo vai bem...Falar-lhe que tenho estado tão cansada de tudo, sem ações e sem grandes esperanças.
Eu lhe perguntaria de sua saúde e logo falaria que a minha anda abalada e que, desesperada, tenho marcado mil médicos para que ao menos um me diga o que se passa...
Falaria, amigo meu, que minha mente anda tão confusa e cheia de problemas que acabo por não resolver nenhum e que isso só aumenta os meus lamentos.
Contaria que à noite tenho tido pesadelos horríveis e que acordo chorando com uma angústia que não passa e depois já não durmo e que isso tem me gerado algumas olheiras...Que não tenho emoções que me alegram verdadeiramente há muito tempo e que as pequenas coisas perderam o seu valor.
Eu lhe confessaria entristecida que temo já não saber dizer te amo mas que, ainda assim, me esforço por sentí-lo.
Lho diria que tenho feito coisas que não aprovo, que tenho mentido para mim mesma e que não tenho lutado pelas causas que sempre acreditei, que tenho sido tão egoísta quanto os que apedrejei.
Descreveria as decepções que sofri com outras amizades e com amores que, ao saírem de perto tentaram também sair do coração e acabaram arrancando um pedaço dele na despedida.
Eu escreveria desesperada e em letras quase ilegíveis de vergonha que o meu maior medo agora é real e que minha vida é apenas uma vida qualquer...
Por fim, lhe pediria desculpas por tê-lo consumido com meus tormentos e agradeceria por o ter sempre comigo, por poder ter um amigo, um alguém a quem escrever mas, infelizmente, eu não tenho...