terça-feira, 30 de novembro de 2010

IV Simpósio de Comunicação da Região Tocantina

Programação Cultural:

Dia 1 (Quarta-feira) – NOITE DA CULTURA POPULAR

Grupo Batalhão Real, da Dona Francisca do Lindo - Lançamento do CD do Grupo

Música eletrônica – Forró Pé de Serra, Samba e Reggae / Música Regional


Dia 2 (Quinta-feira) – NOITE PRATAS DA CASA – TALENTOS DA UFMA

Marcela e Anderson – MPB

Mário Lima – MPB

Rebeca Avelar – MPB

Jéssica Ruane – MPB

Sandes – do Crafter

Música eletrônica – POP rock


Dia 3 (Sexta-feira) – NOITE DO HIP HOP – A ARTE NA POLÍTICA

DJ – Marcos 8h

RAPPERS - Fábio Bonfim – 8h

COLETIVO ARTE ALTERNATIVA – Patrick

MOVIMENTO OCUPARTE –

MOVIMENTO CUFA

Skatistas

Música eletrônica – POP rock, dance

VENDA DE CERVEJAS, BEBIDAS QUENTES, ÁGUA E REFRIGERANTE.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Peça teatral faz sérias acusações à Vale no Maranhão e Pará

É em um cenário simples, composto por apenas seis cadeiras, seis guarda-chuvas e folhas secas espalhadas pelo chão que a peça “Que trem é esse?” vem sendo apresentada desde junho deste ano nos locais alcançados pelo trem da Vale, a segunda maior mineradora do planeta de acordo com seu site. O espetáculo, de aproximadamente 40 minutos, é uma iniciativa da campanha internacional “Justiça nos Trilhos”, lançada em 2007 pelos missionários Combonianos e apoiada por diversos grupos e organizações que apontam a Vale como uma empresa descompromissada e destruidora do meio-ambiente e das populações envolvidas no processo de mineração, plantação de eucalipto, produção de carvão e transporte ferroviário (de pessoas e minérios).


“Que trem é esse?” traz acusações gravíssimas à empresa, alegando que esta representa um risco à segurança, à qualidade de vida e à própria vida. Os seis personagens intercalam os papéis entre populares e funcionários da Vale, utilizando como artifício para chamar a atenção da platéia microfone, jograis, trocas de roupas em pleno cenário e coreografias embaladas por Marisa Monte, Zeca Baleiro e Raul Seixas. O trem, substituído pelo ritmado embalar dos guarda-chuvas pretos para em seis lugares, os mesmos para onde são levados os passageiros da ferrovia da Vale – Açailândia, Alto Alegre do Pindaré e Presa de Porco, no Maranhão e Parauapebas e Marabá, no Pará. Em cada parada, um novo problema apresentado:

-Açailândia hoje é cercada por plantações de eucalipto e já sente impactos ambientais na ausência de animais como o pássaro jacu e de árvores como a palmeira do açaí. Devido à poeira e fumaça causada pela cerca de 70 fornos da Vale, os moradores do Assentamento Califórnia, localizado a aproximadamente 800 metros das carvoarias, reclamam de problemas respiratórios, de pele e vista;


-Em Alto Alegre do Pindaré o caso é delicado. Os trilhos cortam o município ao meio e a população fica impedida de atravessar os trilhos enquanto o trem passa. Apressados para cumprir seus compromissos ou, muitas vezes, embriagados, os moradores passam por baixo do trem parado e muitas vezes são esmagados e arrastados a longas distâncias. “Em 2007 foram contabilizados 23 mortos, em 2008 foram registradas nove mortes e nada menos do que 2860 acidentes (www.justicanostrilhos.org/nota/590)”;


-“Presa de Porco nos deixou doentes”, afirma Xico Cruz, o diretor do espetáculo. Segundo Cruz, os porcos estão para o município como as vacas estão para a Índia e a proliferação de ratos e baratas é enorme, além da água estar poluída e imprópria para o consumo;


-No caso de Parauapebas, a peça aborda as promessas de emprego não cumpridas, afirmando que há um grande número de pessoas que se deslocam para o município acreditando em um emprego estável para o sustento da família, mas ficam de fora por não ter mão de obra qualificada. Desempregados e sem renda para ir para outros lugares, as famílias constroem casas na beira do rio, que ficam cerca de seis meses alagadas;


- Por último, é citada a cidade de Marabá, conhecida por sua mistura de brancos e índios. Segundo levantamento feito em 2009 pelo Ministério da Justiça e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Marabá é a segunda cidade mais violenta do Brasil. O espetáculo encena a sina de pessoas que, sem local para fixar moradia ocupam fazendas e são mortos por pistoleiros.


Xico Cruz coloca a dificuldade de se criar um espetáculo politicamente engajado “Há interferência da entidade na linguagem e nas características da peça, eu preparava o texto e eles (Combonianos) liam e aprovavam junto à comunidade”. Apresentada em Marabá e Buriti, os atores falam que “as pessoas querem que coloque mais coisas”. Vanusa Babaçu, ativista social, assistiu “Que trem é esse?” e lembrou a importância do povo fiscalizar essas indústrias que estão instaladas ou em processo de instalação em nossa região e falar sobre o que presencia. Com uma exposição fotográfica que também traz fragmentos do tema, Babaçu é firme - “o teatro é um espaço de denúncia que precisamos conquistar”.


*A exposição de Vanusa Babaçu está na Semana H de História, que vai até o dia 26 deste mês na Uema, campus de Imperatriz.


Publicado também em: www.imperatriznoticias.com.br


Atores com estudante da Comissão Organizadora da Semana "H"

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Do livro: Presságio

Canção do mundo
perdida na tua boca.

Canção das mãos
que ficaram na minha cabeça.

Eram tuas e pareciam asas.

Pareciam asa
que há muito quisessem repousar.

Canção indefinida
feita na solidão
de todos os solitários.

Os homens de bem
me perguntaram
o que foi feito da vida.

Ela está parada.
Angustiadamente parada.

O que foi feito
da ternura dos que amaram...


Ficou na minha cabeça,
mas tuas mãos que pareciam asas.
Que pareciam asas.


"A simbologia das mãos e o tema da morte."


Hilda Hilst (não pornográfico)


(Foto: Juliana Carvalho)


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O banquete do castelo de pedrinhas dos Sonhos Perdidos

A rainha de copas ordenou: Cortem as cabeças!

E lá estavam elas, cabeças rolantes pelo castelo de pedrinhas dos Sonhos Perdidos.

Mas os olhos não se voltaram para a rainha, toda a elite do reino culpava os decapitadores pelo serviço de “limpeza”.

Afinal, só eram decapitadores aqueles considerados perigosos, malvados, que podiam tirar o capital e a paz da igreja, da mídia e das famílias de bem. Estavam cortando suas próprias cabeças.

O bobo da corte lia a tudo no jornal de época mas nem deu atenção, ansiava pelo folhetim que viria depois, esse sim, importantíssimo!

Aqueles decapitadores sujos e fedorentos estavam bem treinados para cumprir seu papel animalesco – por muito tempo andavam reclusos nas torres do castelo, jogados como ratos e com os ratos, comendo lavagem, apanhando dos guardas do castelo, os sempre tão viris e honrosos guardas.

Enquanto isso o rei estava sentado em seu trono em frente ao mar, lambuzando seu vasto bigode com a coxa roliça de um porco fétido que morrera decapitado. O sangue preto e podre do porco assassino (e assassinado) escorria e era lambido do canto da boca.

Até tinha umas moedas de ouro para que as terras do castelo de pedrinhas dos Sonhos Perdidos não se sujassem tanto. Afinal, as filhas e netas dos donos do Porto do Mar, localizado à beira do reino, não podiam sujar as barras de seus vestidos. Mas houve algum descaso qualquer, o rei tinha esse certo vício de roer ossos e comer vísceras. Era então um bom sinal, com todas aquelas moedas e todas aquelas cabeças era certo que à noite ia ter banquete, com direito a cabeças com maçãs na boca e vinho com gosto de sangue.

Pobres dos escravos, que perderam as mãos e línguas (no lugar das cabeças), e ainda eram obrigados a servir as iguarias.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

As coisas que o homem tem

Dias reflexivos esses últimos. A tensão sempre nos obriga a pensar mais na vida - se estamos seguindo o caminho certo, se somos felizes em um contexto universal, plenos, satisfeitos. Me vem à cabeça principalmente essa questão que fazemos de ser donos das coisas e/ou das pessoas com as quais nos relacionamos (e às vezes até com as quais não nos relacionamos).
É tão complicado ter valores diferentes de uma maioria que já nem me sinto no direito de questionar ou julgar quem escolhe ser igual. Mas e quando os meus valores, por serem diferentes, são questionados? Devo nunca me relacionar (o que é impossível) ou atuar todo o tempo? É EGOÍSMO! Eles gritam no desespero hipócrita de ignorar que o que sou é uma construção de várias situações que, somente eu, passei. Sou hoje resultado de tudo que já fui um dia!
A própria aceitação dessa idéia me livra de uma coisa tão ruim e enraizada - o preconceito. Você acaba se tornando vítima de uma pseudo-moral, se policiando e as pessoas mais sensíveis a isso (não existe nada mais íntimo do que o que eu sou), acabam escolhendo entre duas vias mais prováveis: Viram loucos badaleiros sem apegos concretos e profundos com ninguém ou se isolam de tudo e todos. No fim, sem relacionamentos de confiança, acabam todos infelizes, inclusive os que escolhem um terceiro caminho - o de vestir a roupa dos valores tradicionais.
Esse possuir, amarrar algo/alguém é muito diferente de criar elos e amar. Vem da "evolução" do homem e é cruel e ditador como os que consideram inquestionável essa evolução. Chaplin dizia que a vida é uma peça de teatro, ele só não lembrou de citar que a platéia apedreja a liberdade toda vez que ela aparece no palco. Fica então assim, acuada no camarim, quase um mito.
(Foto: www.aguasulfurosa.blogspot.com)

Imperatriz recebe pacientes com câncer de toda a Região

São 3200 casos de câncer registrados na Unidade de Tratamento de Câncer em Imperatriz (UTC), como aponta o levantamento feito em Setembro deste ano. A Unidade de média complexidade (que só não atua em procedimentos mais difíceis como a neurocirurgia) é a única da Região e atende pessoas do Pará, Tocantins e de todo o sul maranhense em uma maratona mensal de 500 consultas, 300 quimioterapias e 60 cirurgias, fora exames e pequenos procedimentos.

Segundo o gerente administrativo da UTC, José Walmir Oliveira, o fato de 1/3 dos portadores de câncer chegar ao hospital em estágio bastante avançado se deve à falta de informação pois, normalmente, são pessoas de baixa renda, vindas do interior. “Muitas vezes não fazem o preventivo e descobrem no exame de rotina. As mulheres buscam mais tratamento que os homens, o que explica a maioria dos pacientes serem senhoras”. Os tipos mais registrados são os de mama, próstata, pele e colo do útero.

Em funcionamento há quatro anos e atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital São Rafael, o setor de oncologia promove também a prevenção ao câncer através do projeto Um sábado sem câncer, que faz visitas aos bairros dando informações sobre a doença e promovendo consultas e exames. Em datas comemorativas os funcionários, em parceria com a Associação de Amparo aos Pacientes com Câncer da Região Tocantina (Ampare), costumam fazer blitz. Agora em Outubro, mês internacional contra o câncer de mama, houve uma passeata (dia 30), com saída da Praça de Fátima às 8h00 da manhã, trajeto pelas principais ruas comerciais da cidade e distribuição de camisetas.


(Foto: www.asdicas.com.br)

A prática da humanização


“O câncer é uma doença de morte eminente e por isso já traz um grande peso. O luto às vezes ocorre de forma antecipada e acaba afastando inconscientemente os familiares”. Essa afirmação é da estudante de enfermagem, Thalita Christine, que está em um projeto que aposta em atividades lúdicas (brincadeiras e jogos) para melhorar a qualidade ou até prolongar o tempo de vida dos pacientes internados no UTC. Fernanda Ketlen, outra estudante envolvida no projeto coordenado pelo professor Doutor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - Marcelo Donizetti, diz que atualmente só é tratada a doença e a pessoa é deixada de lado. “O paciente deve ser visto como um todo – físico, emocional e espiritual. Atualmente isso não acontece. A desculpa é que o tempo é pouco e os pacientes muitos”.

Oliveira lembra que não é fácil esse relacionamento entre médicos, enfermeiros, técnicos e pacientes. “Tem que existir o limite do profissional, até onde se deve ir em respeito ao paciente? Não dá para ser muito frio mas também não se pode exagerar”.

Esse processo de humanização é fundamental diante de um quadro de 10 a 15% de pacientes em cuidados paliativos, ou seja, cuidados que apenas adiam a morte. A mãe da universitária Camila Castro, de 20 anos, faleceu recentemente de um câncer de mama do tipo metástase, que implica na formação de novos tumores a partir de outro. A estudante diz que no período de pouco mais de um ano entre a descoberta da doença e a morte da mãe, muita coisa mudou em sua casa e que isso foi fundamental para prolongar o tempo de vida. “Minha avó e ela pararam mais de brigar, mudaram os hábitos alimentares e eu passei a dar mais atenção pra ela. Do meio pro fim, os irmãos todos vieram visitar, ligavam mais e ela se sentia muito melhor. Já é difícil enfrentar essa doença maldita, as pessoas ficam frágeis, precisam sentir que vale à pena!”


Procedimentos de prevenção e tratamento


Perante a realidade, é necessária a urgente conscientização popular e a informação sobre os procedimentos até chegar no hospital. Antes de tudo, a prevenção é o primeiro passo para saber se está tudo certo Caso haja algo errado, o ideal é que seja descoberto o quanto antes. “O paciente normalmente vem encaminhado do posto de saúde ou de clínicas (públicas ou particulares”, afirma Oliveira. Para o hospital, a pessoa deve levar a biopsia, um comprovante de endereço, o CPF, a identidade e o cartão do Sus. A partir daí é feita a triagem e ele sabe qual o procedimento ao qual será submetido. Passa então por uma palestra de orientação com a psicóloga, a enfermeira e o gerente administrativo. Nessa palestra são mostrados vídeos falando sobre as instalações, os procedimentos da quimioterapia e suas conseqüências e tiradas as dúvidas.

O UTC só faz tratamento com quimioterapia mas já está em construção no bairro Ouro Verde uma clínica que trabalhará com radioterapia, para alguns casos mais complexos. A clínica também atenderá pelo Sus e ficará próxima à sede da Ampare, que oferece estadia aos pacientes de baixa renda, que não residem em Imperatriz.



Curiosidades

Algumas das dúvidas mais constantes dos portadores de câncer são em relação à queda de cabelo, vida sexual, contagio da doença e alimentação.

As respostas são relativas, depende muito do tipo de tratamento ao que o paciente será submetido. Daí a importância de conversar com o médico e sua equipe.

É importante saber, antes de tudo, que a doença não é contagiosa mas que no caso de tratamento através da radioterapia, por exemplo, deve-se evitar o contato com crianças, idosos, gestantes e pessoas mais sensíveis pois o corpo erradia o produto usado por uma média de 15 dias após a sessão.

A alimentação, a vida sexual e a queda de cabelo dependem muito dos produtos que estão sendo usados. Em alguns casos, nada disso é mudado na vida do paciente.