São 3200 casos de câncer registrados na Unidade de Tratamento de Câncer em Imperatriz (UTC), como aponta o levantamento feito em Setembro deste ano. A Unidade de média complexidade (que só não atua em procedimentos mais difíceis como a neurocirurgia) é a única da Região e atende pessoas do Pará, Tocantins e de todo o sul maranhense em uma maratona mensal de 500 consultas, 300 quimioterapias e 60 cirurgias, fora exames e pequenos procedimentos.
Segundo o gerente administrativo da UTC, José Walmir Oliveira, o fato de 1/3 dos portadores de câncer chegar ao hospital em estágio bastante avançado se deve à falta de informação pois, normalmente, são pessoas de baixa renda, vindas do interior. “Muitas vezes não fazem o preventivo e descobrem no exame de rotina. As mulheres buscam mais tratamento que os homens, o que explica a maioria dos pacientes serem senhoras”. Os tipos mais registrados são os de mama, próstata, pele e colo do útero.
Em funcionamento há quatro anos e atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital São Rafael, o setor de oncologia promove também a prevenção ao câncer através do projeto Um sábado sem câncer, que faz visitas aos bairros dando informações sobre a doença e promovendo consultas e exames. Em datas comemorativas os funcionários, em parceria com a Associação de Amparo aos Pacientes com Câncer da Região Tocantina (Ampare), costumam fazer blitz. Agora em Outubro, mês internacional contra o câncer de mama, houve uma passeata (dia 30), com saída da Praça de Fátima às 8h00 da manhã, trajeto pelas principais ruas comerciais da cidade e distribuição de camisetas.
A prática da humanização
“O câncer é uma doença de morte eminente e por isso já traz um grande peso. O luto às vezes ocorre de forma antecipada e acaba afastando inconscientemente os familiares”. Essa afirmação é da estudante de enfermagem, Thalita Christine, que está em um projeto que aposta em atividades lúdicas (brincadeiras e jogos) para melhorar a qualidade ou até prolongar o tempo de vida dos pacientes internados no UTC. Fernanda Ketlen, outra estudante envolvida no projeto coordenado pelo professor Doutor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - Marcelo Donizetti, diz que atualmente só é tratada a doença e a pessoa é deixada de lado. “O paciente deve ser visto como um todo – físico, emocional e espiritual. Atualmente isso não acontece. A desculpa é que o tempo é pouco e os pacientes muitos”.
Oliveira lembra que não é fácil esse relacionamento entre médicos, enfermeiros, técnicos e pacientes. “Tem que existir o limite do profissional, até onde se deve ir em respeito ao paciente? Não dá para ser muito frio mas também não se pode exagerar”.
Esse processo de humanização é fundamental diante de um quadro de 10 a 15% de pacientes em cuidados paliativos, ou seja, cuidados que apenas adiam a morte. A mãe da universitária Camila Castro, de 20 anos, faleceu recentemente de um câncer de mama do tipo metástase, que implica na formação de novos tumores a partir de outro. A estudante diz que no período de pouco mais de um ano entre a descoberta da doença e a morte da mãe, muita coisa mudou em sua casa e que isso foi fundamental para prolongar o tempo de vida. “Minha avó e ela pararam mais de brigar, mudaram os hábitos alimentares e eu passei a dar mais atenção pra ela. Do meio pro fim, os irmãos todos vieram visitar, ligavam mais e ela se sentia muito melhor. Já é difícil enfrentar essa doença maldita, as pessoas ficam frágeis, precisam sentir que vale à pena!”
Procedimentos de prevenção e tratamento
Perante a realidade, é necessária a urgente conscientização popular e a informação sobre os procedimentos até chegar no hospital. Antes de tudo, a prevenção é o primeiro passo para saber se está tudo certo Caso haja algo errado, o ideal é que seja descoberto o quanto antes. “O paciente normalmente vem encaminhado do posto de saúde ou de clínicas (públicas ou particulares”, afirma Oliveira. Para o hospital, a pessoa deve levar a biopsia, um comprovante de endereço, o CPF, a identidade e o cartão do Sus. A partir daí é feita a triagem e ele sabe qual o procedimento ao qual será submetido. Passa então por uma palestra de orientação com a psicóloga, a enfermeira e o gerente administrativo. Nessa palestra são mostrados vídeos falando sobre as instalações, os procedimentos da quimioterapia e suas conseqüências e tiradas as dúvidas.
O UTC só faz tratamento com quimioterapia mas já está em construção no bairro Ouro Verde uma clínica que trabalhará com radioterapia, para alguns casos mais complexos. A clínica também atenderá pelo Sus e ficará próxima à sede da Ampare, que oferece estadia aos pacientes de baixa renda, que não residem em Imperatriz.
Curiosidades Algumas das dúvidas mais constantes dos portadores de câncer são em relação à queda de cabelo, vida sexual, contagio da doença e alimentação. As respostas são relativas, depende muito do tipo de tratamento ao que o paciente será submetido. Daí a importância de conversar com o médico e sua equipe. É importante saber, antes de tudo, que a doença não é contagiosa mas que no caso de tratamento através da radioterapia, por exemplo, deve-se evitar o contato com crianças, idosos, gestantes e pessoas mais sensíveis pois o corpo erradia o produto usado por uma média de 15 dias após a sessão. A alimentação, a vida sexual e a queda de cabelo dependem muito dos produtos que estão sendo usados. Em alguns casos, nada disso é mudado na vida do paciente. |
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