quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Amor líquido

Este leva e traz do mar,
Ardendo minha pele em sol,
Já inspirou tanto amar...
Assistidos por cada grão de areia
Destes que se enrolam e se confundem
aos cachos de meus cabelos
Pra se perderem nos travesseiros
ou no calor do suado lençol.

É o mar meu coração?
Corre salgado o sangue em minhas veias e artérias;
Tempero com minhas carícias o corpo dos banhistas;
Alimento com meus frutos pescadores e famílias inteiras;
Douro as peles morenas das moças que envolvo com meus abraços;
Sou verde-mar, como os olhos do amado
ou azul, como o céu que nas linhas do infinito beijo
(são só nuvens passageiras)
Traçoeiros, meus sentimentos guardam profundos segredos;
Estou sujeita à ordem natural das coisas.

Será o mar meu coração?
Frio. Um iceberg de duras paredes quase impenetrável.
Quente. Queima tal qual água-viva com os mais ousados amores.
Meu corpo, hora é barco - completo e ativo de dia;
Vazio e solitário à noite.]
Hora é o porto - segurança e constância de quem consegue voltar.

Quem nunca conheceu, teme.
Quem entra, quer ficar.
Será coração? Meu, o Mar?

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