Escrevo esta matéria com as palavras dos
outros. Primeiro pela responsabilidade e pelo compromisso com a veracidade que
preciso ter enquanto jornalista. Depois porque, como já diz o povo e reafirma a
Constituição, “todo mundo é inocente até que se prove o contrário”.
A inquietação vem de uma Audiência Pública
que aconteceu na manhã desta quinta-feira (19) com a ECOSERVICE, empresa que
incinera resíduos hospitalares e industriais prestando serviço, inclusive, para
a prefeitura de Imperatriz e para empreendimentos de grande porte como a Suzano.
De acordo com denúncias feitas a vários
órgãos e à imprensa, a firma está causando prejuízos à saúde das pessoas, à
vegetação, água e solo do bairro Lagoa Verde, mais especificadamente na região
conhecida como “Mãozinha”.
A proposta dos vereadores, na ocasião, era
pressionar a Secretaria Municipal de Saúde para que esta providencie, com
urgência, um Laudo Atmosférico que comprove ou não os danos apontados, e que se
diferencie do documento já apresentado pela empresa.
ECOSERVICE
Que a fumaça e as cinzas resultantes da
incineração geram problemas respiratórios, dermatológicos e outros, tem-se
conhecimento. Não se pode ignorar, no entanto, que o tratamento que tinha o
lixo hospitalar de Imperatriz antes era extremamente equivocado, já que este
era tido como entulho comum e jogado no Lixão Municipal, expondo diversas
famílias aos riscos. (Veja o vídeo aqui)
Na Tribuna, o responsável técnico, Cristy
Handson, apresentou todo o ciclo sofrido pelos resíduos, alegando que “nem tudo
que entra na ECOSERVICE é incinerado. O que é perigoso é encaminhado para
outros locais”. Handson informou, ainda, que há um Sistema de Monitoramento
Contínuo da Qualidade dos Gases e que todas as licenças estão em dia.
Enfrentamento
Representando a Frente de Oposição Verde à
Incineração, Idalécio Gigante citou exemplos de instituições que trabalham no ramo
e foram fechadas em todo o Brasil. Ele alegou que a vegetação do local já não
cresce ou gera frutos, que a população está adquirindo várias doenças como dor
de cabeça crônica, vômito e tontura e que animais são encontrados mortos
cotidianamente.
O ambientalista fez graves acusações aos
donos da firma e ao Poder Público. Segundo ele, se algo lhe acontecer, essa
deve ser responsabilizada e, antes mesmo do processo de licitação ser aberto, a
firma já havia encaminhado os documentos.
“Tacam
fogo em lixo. Lá nós não temos chaminé, temos uma descarga!”
O povo
Uma moradora da Lagoa Verde (que chamarei de
N.I. Porque não quis se identificar) apontou o posicionamento de Gigante como
suspeito. Ela afirma que o membro do Greenpeace
tentou convencer toda a comunidade de que o que lhes acontecia em relação à
saúde era de responsabilidade da ECOSERVICE e de que deveriam pedir indenização.
N.I. disse acreditar que uma doença do filho
era resultante da fumaça e se viu obrigada a fazer um empréstimo e viajar para
Teresina. O médico que atendeu a criança identificou uma enfermidade sem qualquer
relação com os resíduos e, ao divulgar isso, ela foi abordada para negar o
resultado dos exames.
Outra fala, do diretor executivo do
empreendimento, Antonio Dantas, aponta uma senhora que tinha operado recentemente a
coluna e negou o pedido de Gigante para ir à mídia falar sobre qualquer ligação
do procedimento com a ECOSERVICE, tendo suas mangueiras (árvores) cortadas e
parte de sua terra queimada.
Terra
suja?
O que não foi divulgado em nenhum momento
durante a sessão é que a área em que foi construída a ECOSERVICE pertencia
justamente a Idalécio Gigante. Segundo Dantas, as terras foram vendidas por 20
mil reais e o ex-proprietário queria repassar outra de igual tamanho por 100
mil reais e não foi atendido. Acresceu ainda a informação de que Gigante teve
negado seu pedido de participação nos lucros da empresa.
A
Justiça
Para o Promotor de Meio Ambiente de Imperatriz,
Jadilson Cirqueira, entrar com uma Ação Civil Pública sem provas, perícias ou
dados técnicos seria irresponsável, mas as atitudes já estão sendo tomadas e a
Audiência foi desnecessária - “Já temos
toda a documentação e só não apresentamos ainda porque falta o laudo final”.
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