sábado, 9 de maio de 2015

Dona Aldeir, parideira, minha luz.

É do cheiro do suor, minha mãe,
Que é feita a alma das pessoas
Se eu soubesse, ainda moça,
Que partirias tão cedo
Tinha enfiado a venta
Nos rincões de teus cabelos
Pra ficar pra sempre ali
Cheirando um pouco d’alma
Da mulher d’onde eu nasci
Multiplicado os domingos
Dia sagrado da gente
Pra ficar na cama à toa
Deitada, colada, rente
Ouvindo todas verdades
Que dizias ter vivido
Tuas fia tão crescida.
Hoje terias casa
E comida na panela
Sem se fingir satisfeita
Pra não tirar o comer das crias
No teu colo, um universo
Eu deitava todo dia
Pra te pedir um afago
E uma cantiga mineira
Eu rezaria o terço
Eu rezaria o credo
Lia muito mais poemas
Lidava melhor com a vida
Arrancava esse tumor
Usando as unhas de pinça.

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