Um amigo sugeriu que escrevesse minha biografia. Confesso que pensei nisso várias vezes - escrever um livro. Não necessariamente sobre a minha vida, que nem acho que tenha tanto assim a acrescentar a alguém.
Mas assumo uma vontade, um gostinho egocêntrico de fazê-lo. O problema em escrever sobre sua própria vida é que ninguém é sozinho de verdade. Ermitões são lendas.
Pensei em fazer isso em um blog anônimo. Criei tudo novo, um e-mail, senhas improváveis. Seria bom que não fosse descoberta, apesar da minha forte crença na Teoria da Conspiração. Mas percebi como em poucas linhas já havia me entregue muito. E se rastreassem meu IP? Um perigo!
Por onde melhor seria começar a falar de minha vida? Pensei nisso tantas vezes que nem sei. Cheguei a uma conclusão que mesmo que não seja a mais correta é a escolhida: minha morte.
Não se trata de memórias póstumas mas de uma morte imaginária. Acho que todo mundo já se imaginou morto um dia e já pensou em como seria fechar todo um ciclo. Peço perdão pelo engano. Primeiro, um ciclo não fecha (ao menos não deveria), depois, a maioria realmente acredita que a vida seja um ciclo.
Para mim não é bem assim. Por mais triste e deprimente acho só que morremos e pronto, acabou. Eu sei, terrível. Enfim, se este fosse um blogue científico teria que me empenhar muito mais em buscar conceitos, teorias e grandes nomes para explicar várias questões como morte, crenças, perdão e qualquer coisa que tenha sido ou que ainda será citada nessas linhas, a começar pela própria amizade a que me referi na primeira frase.
Bom, amizade. É a primeira coisa que vizualizo quando penso em minha morte. Fico por horas vendo a face dos que me cercam e se dizem meus amigos e imaginando sua reação. Chego a chorar minha morte, emocionada. Imagino uma grande morte, teatral, dramática, que repercuta (o que no final nem é tanta coisa assim). Meus ouvidos parecem ouvir os gemidos, os ais, os discursos "improvisados". "Óh, ela era tão boa, tão inteligente, tão jovem...". Aposto que haverá quem cogite a possibilidade de eu ... Não, acho que não.
Será o que se passa na hora da morte? Acho que a morte é como a vida, cada um tem a sua, única, insubstituível. A morte até segue um padrão como a vida - a maioria é parecida e as que são diferentes viram notícia. Esses critérios de noticiabilidade de hoje em dia...É quase como acreditar que seria interessante escrever algo sobre mim. Eis minha biografia: Natimorta.
2 comentários:
gostei!
Se servir pra alguma coisa: eu iria no teu velório.
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