Preciso, muito, falar de desprendimento. Pra ver se desprendo destas aflições últimas. Entender que estar só é condição obrigatória, sempre, por mais junto que se esteja. Invejo, assumidamente, as pessoas que sabem usar das palavras de maneira doce e sábia. Não me ensinaram a ser assim. As palavras que aprendi, por mais bonitas que sejam, saem feias e afiadas. Certo dia, a febre da sinceridade me fez assim, delirante, desmanchando em sincericídios.
Fico então obrigada a me desfazer... das coisas, das pessoas e das situações. Tudo por uma boca que sangra verdades que deveriam calar. Chega a amargar, a língua já adormecida não pesa o suficiente. Esta força que urge de minha garganta e faz minha voz saltar não nasceu pra discrição das verdades sussurradas. Pra ser exata, essas mentiras agradáveis rasgam-me os tímpanos. Vivo ermitão, meu corpo, meu mundo.
Se estivessem em paz consigo mesmo, a verdade não seria defeito. Mas funciona melhor assim - o EU e o EUTRO. Todo eu é podre, caga, cospe e trepa. Todo outro é imaculado e não usa absorvente porque não menstrua e só coça o saco pra lembrar que tem um. De novo. Melhor parar e ir passar o fio dental antes da carne enganchar entre os dentes. Eu não, a outra.
2 comentários:
Adorei a colocação do "Eutro", Juliana (Fenomenologia ou é o sangue quente mesmo?).
Bjs
Um mistério, caro Gentil!
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