terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O cego

Quando teus olhos sumirem
será dentro dos meus.
Vão se perder devagar
e lutar com vigor até o fim.
Porque tudo foge aos olhos
e já não há um motivo
para que voltemos a nos ver.
Eles, aprisionados, se espremerão, zarolhos
para que voltem a ser notados.
Mas as lágrimas cessaram
e tuas pupilas, estáticas,
quase deixam o sal passar desapercebido.
Quando a escuridão for real,
eles nem precisarão se desviar.
Cicatrizes vendadas,
não há sequer um grau de miopia.
Seguiremos sem bengalas, óculos,
sem tropeços...
E quando olharmos para trás,
as mãos que brincam a nos cobrir a visão
pertencem a outros.
Um dia, talvez, pedirei perdão,
por te cegar.
SEnti saudade dos dias castanhos.

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