segunda-feira, 17 de agosto de 2015

“Só morre afogado quem sabe nadar”. 
Como quem chega atrasado,
Que quase nunca tem paciência pra esperar
Como quem retalia sem se atentar
Como quem não sabe que o corpo é tecido
Que não se cola nem se costura sem machucar
Uma amiga diria que todo mundo tem seu Yng Yang
Não sei
Parece, às vezes,
Que tem gente que disfarça bem todo o mal que tem.


17 de agosto de 2015

sábado, 9 de maio de 2015

Dona Aldeir, parideira, minha luz.

É do cheiro do suor, minha mãe,
Que é feita a alma das pessoas
Se eu soubesse, ainda moça,
Que partirias tão cedo
Tinha enfiado a venta
Nos rincões de teus cabelos
Pra ficar pra sempre ali
Cheirando um pouco d’alma
Da mulher d’onde eu nasci
Multiplicado os domingos
Dia sagrado da gente
Pra ficar na cama à toa
Deitada, colada, rente
Ouvindo todas verdades
Que dizias ter vivido
Tuas fia tão crescida.
Hoje terias casa
E comida na panela
Sem se fingir satisfeita
Pra não tirar o comer das crias
No teu colo, um universo
Eu deitava todo dia
Pra te pedir um afago
E uma cantiga mineira
Eu rezaria o terço
Eu rezaria o credo
Lia muito mais poemas
Lidava melhor com a vida
Arrancava esse tumor
Usando as unhas de pinça.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Flagra da luz invadindo a janela do mundo

Rasga o dia, as brechas, os ventres.
São inúteis
olhos cerrados,
interruptores apagados.
O calor do povo
Alumia almas
Aquebrantadas.
Incendeia, encandeia,
O coração é um lampião de querosene.
As lágrimas da plebe são pingos de vela
Pra desfazer mal olhado.
Sai dos trilhos.
A vida ferve
Em fogo alto.