quinta-feira, 19 de maio de 2011

Estudantes de Imperatriz organizam curso sobre Como funciona a sociedade

Estudantes do Curso de Comunicação Social da UFMA trazem, em parceria com o Diretório Acadêmico de História da UEMA, o curso Como funciona a sociedade, facilitado pelo professor ludovicense Luís Noleto, através do Núcleo de Educação Popular 13 de Maio. O espaço será realizado na UFMA nos dias 28 e 29 de Maio, das 8 às 18h, com intervalo para o almoço.
A universidade tem a função de formar não só profissionais, mas também cidadãos políticos e politizados. O curso trará para os estudantes, uma análise do atual modelo cultural, econômico e social em que vivemos. A meta é alcançar, principalmente, personagens envolvidos e/ou interessados no Movimento Estudantil.

De acordo com a mestre em educação, Cyntia Silva, o 13 de Maio desenvolve a formação política com viés anticapitalista. Sua educação tem base na "socialização de elementos teóricos fundamentais que auxilia os trabalhadores a constituirem-se como sujeitos históricos capazes de apresentar uma alternativa societária com independência e autonimia histórica".

As inscrições estão sendo realizadas no Centro Acadêmico de Comunicação Social - CACOS, na UFMA, até o dia do evento (das 14h às 18h). Será cobrado o valor de R$5,00, dando direito a texto e certificado de 16h.




Para maiores informações, falar com Juliana Carvallho: (99)91621312

Anseio

Poder ao menos provar que se é alguém neste mundo mesquinho em que se rouba, sem remosos, sonhos e vidas.
Ter um bem pra amar e pedir socorro quando o negócio apertar, nem que seja um abraço
apertado pra se saber que não se está só.
Alguém que esteja perto só pra não deixar esquecer que há, sempre, algo além.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Desabafo

Ei, eu queria conversar. Sei que hoje não é dia, mas é que faz tanto tempo que às vezes nem lembro que já houve um dia. Sei que está um tanto cansado e outro tanto ocupado demais para sentar e ouvir o mundo que tenho pra contar. Mas quero tanto que até imploro...

Já tem um tempo né? E sinto tanto a tua falta que, nas raras vezes em que nos abraçamos, te cheiro bem fundo para guardar aquele momento em mim.

Só um pouco do teu tempo...pra te falar quem sou, que preciso de ti e que tenho tantos sonhos. Planejo cotidinamente minha vida e nunca realizo essa conversa. Queria te dizer que te amo tanto. Já reparou que nunca falamos isso? Às vezes até esqueço. Desculpe, não queria levar esse peso comigo. Eu, que sempre estou de malas prontas, dispenso esta bagagem.

Posso contar um segredo? Sou tão frágil e tenho tanto medo...Sei que não parece - sempre resolvo tudo, falo e faço o que quero! Mas e quando eu me quebro, quem junta os cacos? Seria você. Mas você me conhece tão pouco que nem sabe quando estou quebrada...

Não temos culpa. Nestes dias de hoje, quem tem culpa?

E eu, te conheço tanto, até parece invensão. Sei sempre de teu estado de espírito, sei quando está cansado, entediado. Quando vai falar, posso até sussurrar as palavras contigo.

Penso que às vezes também quer conversar (todo mundo precisa conversar), contar amenidades, pedir um abraço de apoio. Mas fico sem reação, cruzo os braços, fecho a cara. Conversar tem lá suas responsabilidades. Exige explicação demais, tirar o curativo e reparar que velhas feridas permanecem.

Desculpa a chateação. Só queria contar um pouco do que penso pro futuro, pra te acalmar, viver em paz conosco. Não é justo que sinta tua falta com você tão perto.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Despedida

Vermelho intenso, o sangue escorria pelo profundo corte na batata das pernas e, de tanto que era, lavava a calçada. A grade do portão entre a velha e a menina, ao mesmo tempo que era ínfima, determinaria o destino de ambas. Glup. Engoliu a saliva com aquelas palavras duras que acabavam de entrar em seus ouvidos de 7 anos: - Vá embora e não volte mais. Tentaram me matar, você não vê? Vão fazer o mesmo com você. Vai morrer. Vá e não olhe para trás, não volte nunca. Um dia nos encontramos por aí!

Não era um bom desfecho para aquela manhã tão comum. Levantou, escovou os dentes, tomou banho e passou algum tempo penteando as madeixas negras curtas. De café tomado, a pequena deu um beijo na velha e pegou a mesma komb, também velha, que a levava para a escola. No fim da manhã, só pensava em voltar para casa e comer duas ou três rosquinhas enquanto balançava na rede da àrea e analizava o ritmo diário da cozinha, sempre tão viva.



Quem foi? - Foi o velho! Gritaram os pulmões da senhora grisalha, com o nariz de tomate e olhos saltados. Sua boca fina parecia ter ganhado volume: Vá! Nos veremos...é questão de tempo.


A moleca chorava copiosamente e começou a andar cambaleante, sem rumo, quase carregada pela mochila grande que levava nas costas. Quem a visse pensaria que era um mimo qualquer, nem tamanho de gente tinha. Mas se era ali que era morava, para onde ia? O que faria? Ele iria atrás dela? O velho? Ele sempre foi tão bom...Quase nunca estava em casa, mas quando estava, tinha sempre os bolsos abarrotados de balinhas, como se minassem dali, e lhe dava um enorme prazer quando encostava a pequenina cabeça em seu peito para ouvir o coração calejado batendo como se dissesse que, de tão pequena, cabia ali.


Por sorte, acertou um lugar com conhecidos que já tinha ido umas poucas vezes. Levaram-na para a casa vizinha à da velha. Foram lá, ver o que havia. Era o primeiro sinal de loucura, mas quem acreditaria? Sempre tão sóbria, a própria sinházinha tinha cortado sua perna. O acusado nem na cidade estava. Pensaram ter sido um deslize, contaram da menina, seu paradeiro. A velha disfarçou, fez que nada aconteceu e deu as costas, foi buscar a "fugitiva" a tapas e puxões de cabelo. Um escândalo!

Por mais que a tenha visto depois e que ainda a veja vez ou outra, a vó e eu nunca mais nos encontramos. Somos dois olhares perdidos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Desaconcelho

Se quer saber como incomodar alguém, me dou ao luxo, não de responder, mas de palpitar - não seja amigo dele(a). Não implica em ser inimigo e tampouco em não ser amigável, não-amigos incomodam. Claro, que para isso, é preciso ser um não-amigo conhecido. Aí é só esperar. A pessoa, não demora, vai achar motivos para falar. Se você não é ruim em algo, rirão. Dirão que é incapaz, ruim demais para ser amigo. Se for muito bom, bem pior (seja um fracassado), falarão que é um prepotente, que nem é tão capacitado assim.


Fato é que você sempre estará (mesmo sem convite) nas rodinhas de conversa, sempre será cumprimentado com falsos sorrisos. Agora, se quer algo bem feito, que deixe marcas, largue mão de ser um não-amigo e seja um ex-qualquer-coisa-que-se-dizia-amizade. PS - Cuidado com os falsos amigos! Estes, nem com moderação.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Esquizofrenia

No amanhecer daquele dia, viu-se em um quarto grande, de teto alto, quase um galpão. Tinha as paredes infinitamente brancas, um guarda-roupas de madeira, modelo antigo, que cobria toda a extensão de uma parede, e duas camas de casal, enormes. Estava atônita, observou que na cama ao lado haviam duas pessoas e não conseguiu identificá-las. Quando se deu conta, em seu próprio leito, que nem dela era, estava o corpo nu de um homem que, vendo sua inquietação, ajeitou-se entre seus seios como se dissesse que ali era confortável. Um choque, não pode ser! Assustou-se com a pessoa que ali estava mas, sem ao menos lembrar dos acontecimentos, se entregou ao momento e afagou os cabelos do amante. Amaram-se então de maneira tão intensa que todos os sentidos se deram ao máximo. Um amor cúmplice, não morno. Entendeu que levaria aquele cheiro consigo.


Depois de longa troca de carinhos, levantou, tinha de ter algo atrás daquela porta. Precisava descobrir em que lugar a noite anterior lhe escarrara. Enrolada num lençol, tentou mais uma vez reconhecer oz vizinhos de cama quando ouviu uma voz perguntar: - Vai para onde? Volte para cá! - Virou-se rápida, horrorizada. Já não era o mesmo homem que estivera do seu lado há segundos. Seria um pesadêlo? Quem ocupava o espaço, por si próprio, já cumpria esse papel de aterrorizar sua vida há tempos. Ele forçava um riso bizonho com seus dentes separados, quase serrados e sua tez grande. Antes daquilo acontecer, tinha que assumir, era um conto de fadas.

Sentiu as pernas finalmente fracas e entendeu que tinham lhe dado algo. Juntou forças e saiu porta afora, achou na cozinha um grupo de pessoas com quem nunca tivera muita afinidade. Inclusive a louca espalhafatosa que sempre falava mais do que devia e em horas inadequadas. Aquele compartimento da casa era totalmente diferente do quarto. Era uma cozinha rude, de interior. Tinha uma porta de madeira e uma lasca enorme arrancada, dando vizão para um quintal arenoso e tão grande que não se enxergava o fim. Cumprimentou as pessoas, mais por educação que por gosto, e ficou proxima à saída, planejando, desesperadamente, correr até achar um lugar familiar.


Surgiu do outro lado da frestra um homenzarrão, gordo e mal abarcado pela camisa vermelha que já tinha alguns furos e era moldada por aquele bucho enorme que carregava. Fez que não o viu, mas percebeu quando as unhas imundas entraram no bolso da calsa azul surrda e puxaram um canivete enferrujado. Ficou estupefada, sem fala alguma, só os olhos esbugalhados de medo. A respiração ofegante parecia tomar conta do mundo. Percebendo sua presença o homem, que bufafa como um velho e fedia a cachaça, fez sinal para que abrisse a porta. Apelou para a tagarela que foi ao seu encontro e se concentrou um milésimo segundo na porta, como se tivesse ainda um mundo de fofocas a lhe esperar, afirmando não haver nada ali e dando aquela sua gaitada insuportável que desrespeitava qualquer ser humano que quisesse ser levado a sério. Voltou a olhar e o bufão continuava lá e sorria com os dentes podres e um ar maldoso, passando a lâmina na pele enquanto um suor escuro escorria dos cabelos ralos até as dobras do imundo pescoço. Definitivamente, não sairia por ali, a situação já era agoniante.


Veio aquela cibita infeliz perguntar como foi a noite anterior. Fechou os olhos e lembrou de quem realmente estivera ao seu lado. Sentia-se ainda tonta com toda a situação. Quando voltou a si, já não estava lá. Correu a vista e reconheceu-se novamente em um quarto, dessa vez menor, cheio de colchonetes, lembrava muito um alojamento. Para sua alegria, logo entraram pela porta dois rostos conhecidos. Tentou agir naturalmente, não queria parecer louca, mas tudo o que tinha vivído até então e o próprio fato de ter aparecido ali, a estava pertubando imensamente. Deitou no colchão e os dois amigos transformaram-se em duas cabeças alegres e saltitantes que giravam em torno de seu rosto contando firulas que ela, definitivamente, não queria saber. Sentiu o juízo palpitar com toda aquela felicidade mesquinha e teve uma leve ânsia de vômito. Quase desmaiada, pediu ajuda para uma das cabeças, que a levantou e direcionou para um bosque. Pegou seu aparelho celular, que por qualquer milagre estava em suas mãos, e mandou uma mensagem para alguém que, iludiu-se, a tiraria dali.


A imagem da manhã não a deixava em paz. Sempre alguém passava e perguntava pela figura que estivera com ela, dando notícias de que estava apaixonado e cantava seu amor aos quatro cantos do mundo, dando detalhes de seu corpo e até de sua performace. Sentiu-se como Alice, por um momento. Pensou até buscar alguma saída praquele buraco em que se metera. Esperou em vão e voltou para o colchonete do alojamento. O corpo foi enfraquecendo até perder totalmente as forças, apagou. Logo já não haviam outros colchonetes e sobre o seu corpo, três bilhetes, provavelmente das cabeças flutuantes. Olhou dois deles e achou tolos mas o terceiro chamava atenção, era de alguém especial. Palavras cruéis. Chorou vendo seu estado de putefração e, no tremor da carne, já febril, surgiu num terceiro quarto.


Aquele sim, era conhecido! O corpo continuava pesado e ouviu, ao longe, uma voz conhecida a cantarolar qualquer música insuportável. Era já outra, fria pelas experiências. Quando enxergou a beata, não exitou. Perguntou o que estava acontecendo, queria esclarecer tudo aquilo. A negra cessou seu hino e fitou-a como quem perguntasse - Como assim, está acontecendo algo?-. A irritação daquela resposta a fez endemoniada. Ria alto e tinha a cara desconfigurada, subia pelas paredes enquanto arrancava os cabelos e sua voz exalava maldade e carnificina. Estava novamente presa nas garras podres do homem. Entendeu ali que não mais se livraria, aderiu.