quarta-feira, 11 de abril de 2012

Eu, monstro

Nesta noite de pesadelos, estavas longe
Quando os olhos abriram assustados e grandes,
apesar da lua que invadia a varanda.
Meus monstros são tão vivos, tão reais.
Passo por eles de dia na rua, cumprimento-os,
Mas só na madrugada meus sonhos transbordam tantos pecados.
Semiacordada, ouço vozes e risos sarcásticos,
blasfemam a vida com ironias.
A pele arrepia enquanto a carne estremesse
no mesmo ritmo do coração acelerado.
Arranco o lençol para calar o suor
e, muda, mudo de posição.
Lembro então teus últimos delírios,
do teu mundo em que só eu podia entrar.
Recordo de passar o dedo polegar entre teus olhos
com movimentos sempre circulares e suaves.
Era meu jeito de pedir licença.
Me mandava sair, temia que teus monstros me machucassem.
Se antes soubesse o que hoje sei, ficaria.
Nesta noite, dormi enquanto muitos não conseguiriam
e percebi que meu monstro sou eu.


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