quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

No grito, a (há) esperança

Canta meu povo, que quero ouvir teu tom

Abraça-me o corpo e balança no gingado dos teus rios

GRITA Maranhão , que o grito liberta

Diz pro mundo o quanto sofres em mãos incertas

Chora pelos homens mortos por covardes grileiros na busca por terra

Sofre pelo verde destruído pelas grandes madeireiras

Se envergonhe pelas mulheres - esposas, mães, filhas - bocas caladas, sem rosto ou nome

Mas GRITA que é pro mundo ver que tem gente e que tem vez

Cora teu rosto com o vermelho-sangue do Pe. Josimo

Pinta tua pele com o marrom-Babaçu

E homenageia as mulheres e crianças que madrugam

Pra produzir o azeite, o bolo, o sabonete, o artesanato...

Dancem seus bois Catirinas mas cuidado com a Ana

Aqui no Maranhão ninguém canta e ninguém pinta

Em terra de escravidão não tem dinheiro pra artista

Mas GRITA, grita que é o grito que vai vencer os leões do palácio

Bacuri, Cacau, Jansen, esgotos a céu aberto, esgotos-rio, esgotos-mar

Em Estado de alerta, o preconceito reina e a coroa é um bigode

O preconceito de negros e índios e pobres por negros, índios e pobres

Esqueça outra espécie qualquer

Vamos aplaudir o eucalipto que vai manter nossos cupins

Vamos arrancar tudo pra plantar capim, que morram de fome as muitas famílias

Que explodam de gordos os gados de poucos

Aqui, Suzano Vale Estreito e que se danem as Suzanas e seus filhos, que pouco valem

Mas GRITA meu povo! GRITA antes que o trem leve até tua voz!

Ainda há tempo, antes que a fumaça das carvoarias e das cerâmicas invada tua garganta.

Caro Maranhão, onde a roupa, a comida e a educação são tão caros!

Levanta e luta, pois meu grito só é um sussurro mas o grito do povo é ordem de mudança!

Foto: divagandosobreavida.wordpress.com


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