Canta meu povo, que quero ouvir teu tom
Abraça-me o corpo e balança no gingado dos teus rios
GRITA Maranhão , que o grito liberta
Diz pro mundo o quanto sofres em mãos incertas
Chora pelos homens mortos por covardes grileiros na busca por terra
Sofre pelo verde destruído pelas grandes madeireiras
Se envergonhe pelas mulheres - esposas, mães, filhas - bocas caladas, sem rosto ou nome
Mas GRITA que é pro mundo ver que tem gente e que tem vez
Cora teu rosto com o vermelho-sangue do Pe. Josimo
Pinta tua pele com o marrom-Babaçu
E homenageia as mulheres e crianças que madrugam
Pra produzir o azeite, o bolo, o sabonete, o artesanato...
Dancem seus bois Catirinas mas cuidado com a Ana
Aqui no Maranhão ninguém canta e ninguém pinta
Em terra de escravidão não tem dinheiro pra artista
Mas GRITA, grita que é o grito que vai vencer os leões do palácio
Bacuri, Cacau, Jansen, esgotos a céu aberto, esgotos-rio, esgotos-mar
Em Estado de alerta, o preconceito reina e a coroa é um bigode
O preconceito de negros e índios e pobres por negros, índios e pobres
Esqueça outra espécie qualquer
Vamos aplaudir o eucalipto que vai manter nossos cupins
Vamos arrancar tudo pra plantar capim, que morram de fome as muitas famílias
Que explodam de gordos os gados de poucos
Aqui, Suzano Vale Estreito e que se danem as Suzanas e seus filhos, que pouco valem
Mas GRITA meu povo! GRITA antes que o trem leve até tua voz!
Ainda há tempo, antes que a fumaça das carvoarias e das cerâmicas invada tua garganta.
Caro Maranhão, onde a roupa, a comida e a educação são tão caros!
Levanta e luta, pois meu grito só é um sussurro mas o grito do povo é ordem de mudança!
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