Há castigos que nunca acabam. Pessoas que parecem estar eternamente destinadas a ferir e cicatrizar ou mesmo ferir sem cicatrizar.
O mundo é composto por isso, um aglomerado de carne, ossos e cérebros ambulantes que passam dia e noite maquinando o mal. Há os que disfarçam, os que se moldam a toda uma sociedade de tal forma que passam loucos pela vida sem serem percebidos, sem que seu veneno seja detectado. Mas outros não, esses nem querem e nem podem ser ignorados. Sua loucura pede mais. A única certeza que se tem é que nenhum deles, nenhum é normal!
Se você parar em uma terça-feira vazia pra pensar na vida, talvez chegue à mesma conclusão ou talvez pense que de louca aqui só eu! Quantas horas já passei crussificando pessoas em minha mente, pensando em como os governos podem deixar as coisas desandarem assim, tanta gente passando fome, frio, dor, morrendo nas filas dos hospitais e eles roubando a porra do meu dinheiro para acumular em suas contas das quais eles jamais usufruirão. Quantas noites já deixei de comer ou de dormir em minha cama quente por isso? Adiantaria?
Mas que direito tenho eu em questionar seus valores? Eu, tão cheia de valor e de veneno!
O que acontece mesmo é que esse animal que a gente tenta deixar para trás todos os dias quando acorda e que dorme pedindo para Ave Maria que se contenha amanhã, esse animal que sou, que precisa como qualquer outro animal de comida, água, sexo e violência, está escondido dentro de todos nós e em qualquer abertura ele foge.
É assombroso admitir, chega a ser pecado, mas meu lado animal hoje está me destruindo, está rasgando minha pele e quase sobressaindo-se à máscara. Acontece às vezes essa sede de vingança por todas as vezes em que os outros animais rasgaram-me a carne e a cara e eu tive que continuar assim, humana e ferida.
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