sábado, 16 de abril de 2011

Contenção

Se desmancho em lágrimas, nem sei se é paixão ou falta de orgulho. Talvez seja a falta do abraço que aparava, em seus ombros, as mágoas. O pranto hoje faz correnteza e preenche os vazios e as rachaduras do asfalto quebrado. Mas e o vazio do coração? Cada vez mais oco...vejo que em meu corpo, os sentimentos são água e sal, e se vão.

É agora incontrolável, conversar faz mal. Vontade de jogar tudo na parede - o computador, o celular (...)Tua voz corta meus tímpanos,, tua imagem fere meus olhos, teu toque quebra-me as pernas. Sou só feridas, enferma. Os urubus sobrevoam, mas sei bem que não podem engolir minha essência, pois ela (que deveria ser imutável) já não está em mim - um pouco em tantos outros, muito em ti.

Desconheço o começo das mentiras, dos enjôos, dos abusos. Não posso, porém, esquecer que não só aconteceram como, por diversas vezes, planejados, ocorreram. Deixo as lágrimas para as mesas de bar, para o tempêro da cerveja amarga. Ficam ainda para o espelho, é sempre bom se ver chorar, confortar a si mesmo.

A vida é contínua e a morte está à espreita (contraditório ou não). Vivo então, de tudo que sempre fui e sou, de músicas, livros, viagens, bebidas e das minhas rimas pobres. Um dia, quem sabe, quebro esse paradigma - terei alma mutável e já não mais coração.

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