domingo, 10 de abril de 2011

A dor de ser

Para quê se submeter a tudo? Por amor? Que amor é esse que humilha, magoa, faz mal? Falo de todos os tipos de amor - o de pai, mãe, irmão, amigos, namorado...Existe, enfim, qualquer amor que respeite e/ou aceite?

Já nem sei se quero amar. Esse amor egoísta, incompreensivo. Vejo esse tal de amor, tão repetido aqui, como um sentimento, acima de tudo, invasivo.

Entendi um dia que há dois tipos de viagem - a horizontal (corpo) e a vertical (quando a mente vai para outro lugar). Nesta viagem horizontal que fiz para São Luís, justo em busca de uma viagem vertical que me trouxesse paz, o que encontro é uma não viagem.

Corpo e mente querem estar aqui, em mim. E neste instante sou angústia e dor. E para ironia maior do destino, temo que o que me doa seja justamente a falta de amor. O meu nojo, de repente, é inveja.

Me sinto abandonada por todos (ou quase todos) meus amores. Só de tudo. Nem sei mais se já fui boa companhia. Se descreveram o que sou (ou), se me tornei o que descreveram.

Penso muito que é esse o castigo de não saber dar atenção nem mesmo pelos que tenho mais carinho. E se me vêem assim - cínica, burra, vazia e sem amor, para meu martírio, eu os tenho como espelho.

3 comentários:

Gentil Martins dos Santos disse...

Ah, o amor... sempre ele!
Essência da vida?

Eu, desesperado, como sempre, penso, penso com Zizek, que ele já não é possível porque o individuo vegeta, apodrece em nas unidades inorgânicas padronizadas ou na sua animalização, onde é um dacnomaníaco cínico.


Fui ver o filme Cisne Negro nestes dias. Ele mostra aquilo que vejo: a vida que vivemos é falsa, e nela o amor, o sublime da vida, não é mais possível. Ninguém resumiu melhor a privação do amor e do sexo que filósofo Slavoj Zizek, disse ele: “então, quando – na longa tradição que vai do amor cortes medieval até o mais recente filme de Hollywood – o amor é elevado a uma ‘impossibilidade’, celebrado como algo que não pode ser realizado totalmente na vida social real, estamos lidando com uma ‘impossibilidade-chamariz’ que mascara a impossibilidade verdadeira, que é a relação sexual. Ao passo que para Lacan o amor como tal surge para complementar essa segundo impossibilidade, é como se hoje, em nossa sociedade sexualmente permissiva, a relação fosse invertida, com a impossibilidade deslocada para o amor – é a proliferação de relações sexuais que acoberta a impossibilidade do amor autentico. É claro que, contra a tentação espiritual de aceitar essa reversão pelo que aparenta ser, devemos insistir que ‘amor’ aqui ainda se refere à impossibilidade da relação sexual, mascarada pela proliferação da diversidade de relações sexuais” (Às portas da revolução – escritos de Lênin de 1917. Trad. dos textos Slavoj Zizék: Luiz B. Péricás e Fabrício Rigout; textos de Lênin: Daniel Jinkins. São Paulo: Boitempo, 2005. P. 246).


Mas isto é meio loucura.

Acho que você está se despertando, está sendo – saindo da caverna?
Se bem que parece que você tem a seu favor a floresta por perto... a desgraça é se despertar, sair da caverna e se deparar com uma floresta de arranha céus, de “concreto e aço”, como diz a letra do Rap dos racionais.

"SER OU NÃO SER -EIS A QUESTÃO"!
Ser é um exercicio de dor, já dizia o poeta drummonnd, hoje que somos privados de ser o tempo todo, industria cultura, ideologias varias nos cercam o tempo todo, cara Juliana. Daí, talvez, não seja uma boa escolha ser hoje (?)

Que acha?

Abç

Ju Carvalho disse...

Caro Gentil, falamos de sexo como se ele fosse ruim, como se excluísse o amor - algo impuro. O que é o sexo senão o amor, antes de tudo, por si mesmo, para proporcionar prazer ao corpo, alívio ao "espírito"? Não me iludo mais com muitas coisas e sei, apesar de pouco saber, do concreto que reveste as ruas, os prédios e os corações mas isso não elimina o amor.
Se me contrario é por ser assim, por dias. Hoje, amo.
Adicionei seu e-mail no meu msn, não sei se é ele que você usa mas, caso seja, peço que me aceite para conversarmos.
Abraços.

Gentil Martins dos Santos disse...

"Não me iludo mais com muitas coisas e sei, apesar de pouco saber, do concreto que reveste as ruas, os prédios e os corações mas isso não elimina o amor".


- o que seria ele, o amor? talvez somente "proporcionar prazer ao corpo, alívio ao "espírito"?! o sexo e o amor como função mecânica, como "alívio" a uma dor de não ser?
O amor e o sexo há muito existe porque o homem não existe mais, Juliana - há as exceções de sempre, mas exceção é exceção.
- não tenha isso que chama de "concreto" como parametro, minha linda - a vida não é o que é, ou melhor, ela é o que fazemos dela. Logo a pergunta: o que fizemos dela?
Precisamos ser solidarios com o "concreto" pois ele é falso e sem nós se reproduziria infinitamente como tal. Isto para falarmos de amor.
(na verdade eu não uso MSN com freqüência)

Abs